Ramadã o mês do jejum
Está
chegando o Mês de Ramadã, um mês muito importante para os
muçulmanos. Além do jejum obrigatório, é um mês de festa, onde
todos celebram com muita alegria.
O
ramadã é o nono mês do calendário islâmico, no qual se acredita
que o profeta Mohammed recebeu a revelação da parte de Allah, (que
é o nome “Deus”, em árabe), dos primeiros versos do
Alcorão. Para informação de muitos, Allah não é um Deus
diferente de qualquer outra religião, como muitas pessoas acreditam,
mas é a palavra “deus” em árabe.
De
acordo com o Islam, Mohammed caminhava pelo deserto, perto
de Meca, 610 d.C., onde atualmente localiza-se a Arábia Saudita.
Certa noite, uma voz vinda do céu o chamou. Segundo a tradição
islâmica, era a voz do anjo Gabriel que disse a Mohammed que
este havia sido escolhido para receber a palavra de Deus. Nos
anos posteriores, foi também através do anjo que a revelação
de Deus foi transmitida a Mohammed, que começou a pregar
os versos que seriam transcritos e comporiam o livro sagrado
islâmico, o Alcorão.
O
jejum no mês de Ramadã é um dos cinco pilares da fé islâmica e é
obrigatório para todos os seus seguidores. Trata-se de um tempo
especial em que os muçulmanos se reúnem em oração e é
considerado uma oportunidade especial para reviver, renovar e
revigorar sua prática de fé. A palavra Ramadã tem origem na
palavra árabe “ramida” que significa “ser ardente”.
Quando
acontece o ramadã
O
início do Ramadã em cada ano é baseado na combinação das
observações da lua e em cálculos astronômicos. Seu término é
determinado de maneira semelhante. Pelo fato de o islamismo usarem o
calendário lunar (que é onze dias mais curto que o calendário
solar adotado na maior parte do mundo ocidental), o período sagrado
do Ramadã varia de ano para ano, o que significa que o jejum pode
ser celebrado em diferentes meses e estações.
Quem
deve observar o jejum
O
jejum é obrigatório para todo muçulmano que tenha atingido a
puberdade e que goze de perfeita saúde física e mental. O primeiro
jejum de uma pessoa na comunidade muçulmana é algo para celebração
e festa. As grávidas, lactantes, as que estão no período
menstrual, crianças, idosos e aqueles que estiverem doentes ou
viajando, são dispensados de praticar o jejum.
A
isenção temporária do jejum é baseada nas circunstâncias
individuais, que precisam ser analisadas durante o mês e,
aconselhadas por um imã (líder religioso) ou por um estudioso
islâmico. No entanto, na maioria dos casos, os dias de jejum
perdidos terão de ser compensados por um número igual de dias, a
qualquer momento antes do próximo ramadã. Em caso de doença
terminal ou incurável, a pessoa deixa de jejuar definitivamente,
porém, se tiver condições, precisa dar uma refeição a um
necessitado para cada dia não jejuado, ou o equivalente ao valor de
uma refeição. Do contrário, não está obrigada a nada.
A
prática e seus significados
O
jejum é feito por cerca de 29 dias entre o nascer e o pôr do sol. O
dia começa com o suhoor, uma
refeição feita ainda de madrugada, e termina com o iftar,
a refeição que quebra o jejum do dia. É um momento de celebrar com
a família e os amigos, ocasião em que pessoas de outras religiões
podem ser convidadas a participar. Se alguém comer, beber ou tiver
relações sexuais durante o período de jejum, deverá alimentar 60
pobres ou jejuar por 60 dias.
Há
duas grandes celebrações importantes durante o período. Na noite
do 26º para o 27º dia do Ramadã, celebra-se o Laylat
al-Kadr (noite do decreto), pois acredita-se que foi
nessa noite que Deus começou a falar com Mohammed. Alguns oram
durante toda a noite e fazem seus pedidos mais especiais a Deus. No
fim do jejum ocorre o Eid el-Fitr,
um banquete seguido de três dias de comemoração, quando é
proibido jejuar.
Muitos
muçulmanos vestem suas melhores roupas e decoram suas casas com
luzes e outros enfeites. Dívidas antigas são perdoadas e dinheiro é
dado aos pobres. Preparam-se alimentos especiais e convidam-se amigos
ou parentes para partilhar a festa. As crianças recebem presentes e
há troca de cartões, algo semelhante ao Natal comemorado nos países
ocidentais. Eid el-Fitr é
uma ocasião alegre, mas seu propósito primordial é de louvar a
Deus e dar graças a ele, segundo a crença islâmica.
As
implicações do ramadã no cotidiano
Durante
o mês de jejum verifica-se o aumento no preço de vários produtos
em países de maioria islâmica, o que acrescenta grande sofrimento
para o povo mais pobre. Isso acontece porque durante as noites do
ramadã as pessoas ficam acordadas, celebrando e indo à mesquita
para uma oração especial.
O
resultado é o aumento do consumo de alimentos, apesar da aparente
contradição por ser um mês de jejum. Acontece que cada noite é
uma espécie de ceia de natal, e, por isso, os muçulmanos consomem
mais alimentos e artigos de luxo durante o período do que em outras
épocas do ano. Devido à alta demanda dos gêneros alimentícios,
muitas vezes não é possível manter os preços baixos. É claro que
isso não afeta apenas os muçulmanos, mas toda a população.
Em
muitos países muçulmano não praticar o jejum ou comer na frente de
alguém que está jejuando é uma falta grave. Na Arábia Saudita,
por exemplo, quem ousar admitir que não esteja jejuando é punido.
No
Marrocos o código penal prevê pena de até seis meses de prisão a
quem não praticar o jejum. A Constituição marroquina ressalta que
o islamismo é a religião oficial, mas diz também que o Estado
protege a liberdade religiosa, enquanto o código penal criminaliza a
quebra do jejum em público. Dessa forma os indivíduos são
obrigados a praticar o ramadã por dois motivos: pela lei e pela
religião.
Nos
Emirados Árabes Unidos, comer ou beber durante o dia é considerado
uma ofensa menor e punida com serviços comunitários. Lá as leis
trabalhistas estabelecem que durante o ramadã os empregados
trabalhem apenas seis horas por dia, sejam eles muçulmanos ou não.
É
um mês muito esperado pelos muçulmanos, é um mês de alegria e
festividades. No Egito (cito Egito, por que é o país muçulmano que
mais conheço), a maioria das pessoas vão dormir muito tarde ou
apenas pela manhã, dormem a maior parte do dia.
O
sacrifício maior, creio eu, que não é ficar sem se alimentar, mas
sim o maior sacrifício é ficar sem água. Aqui no Egito está muito
quente, o pó no ar é algo que incomoda muito. Mas penso que eles
devem estar bem-acostumados com isso.
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