Valorizar apenas aquilo que enriquecem a nossa alma.
Não se contente com pouco, mas o suficiente para preencher a sua Alma.
Dizer,
ouvir e escrever palavras, receitas de como devemos agir em
determinadas situações ou na vida em geral, é muito fácil. Nem
sempre o que é certo para umas pessoas são certas para outras. Mas,
muitas vezes, tem palavras que entram em nossas mentes e nos
fazem refletir, mesmo achando que na teoria tudo é lindo maravilhoso
e fácil de se conseguir, mas
na prática não tem nada fácil. Tomar decisões sobre algo é
difícil, e maioria das vezes, ficamos numa determinada situação,
apenas por falta de coragem.
Para
sermos felizes, às vezes, precisamos de muito pouco. Entretanto,
esse pouco não são migalhas que os outros deixam para alimentar um
amor interessado. Esse pouco deve preencher nossa alma,
deve nos dar dignidade como pessoas e, por isso, jamais vamos nos
conformar com os pedaços quebrados que os outros nos dão como se
fossem palácios reais.
Atualmente,
as abordagens entre a psicologia positiva e a espiritualidade estão
em seu auge, onde enfatizam a necessidade de aprender a valorizar as
pequenas coisas, ou a como ser feliz com pouco, apenas com o
necessário. Ideias como “a
felicidade é se dar conta de que nada é muito importante”,
podem, sem dúvidas, nos confundir um pouco.
Tudo
tem nuances e, neste tipo de assunto, as nuances são grandes. Num
primeiro lugar, devemos saber claramente que não é uma boa ideia
nos conformarmos com menos do que merecemos. Às vezes nos
convencermos de que “o mínimo é suficiente” pode fazer com que
fiquemos encalhados em jardins ermos. Há quem diga a si mesmo que a
terra é boa, e que mais cedo ou mais tarde as sementes vão germinar
e delas sairão flores espetaculares.
No
entanto, aos
poucos nossa vida se transforma em uma sala de recepção de sonhos
que nunca vão chegar,
de
objetivos que nunca
serão cumpridos, de flores que nunca vão germinar. Nos conformarmos
com pouco não é viver de migalhas, e a felicidade nunca será “nos
convencermos de que nada é muito importante”. De fato, é
exatamente o contrário: devemos saber claramente o
que
é importante.
Alguns
profissionais da saúde mental se queixam, frequentemente, de que os
modelos atuais que têm o objetivo de tratar a
depressão nem sempre
dão o resultado esperado. Os programas falham e, com frequência, o
enfoque onde combinar o tratamento farmacológico com a psicoterapia
oferece uma melhoria que, em muitos casos, é temporária.
O
doutor Eric Maisel, psicoterapeuta e autor de uma longa lista de
livros sobre a depressão e as emoções, fala que é necessário
reformular alguns aspectos. São muitos os psiquiatras que, nos dias
de hoje, continuam se concentrando, quase que de forma exclusiva, à
análise do quadro sintomático do paciente, sem usar recursos nem
tempo para encontrar a verdadeira raiz do problema. Antidepressivos
são receitados como se estivessem sendo oferecidas pílulas para
curar a dor da vida. É
preciso algo mais, mais foco e menos rótulos onde todas as pessoas
são tratadas da mesma forma.
De
acordo com Maisel, na atualidade o que sofremos, em maior ou menor
grau, é uma profunda e devastadora angústia existencial. Nos
esquecemos dos nossos propósitos de vida, a ponto de não dar valor
as nossas emoções, pensamentos ou
decisões.
Nossa
rotina é como um cenário cheio de névoa, onde nada tem um
significado real.
Podemos
dizer, quase sem medo de errar, que nos
acostumamos a viver com muito menos do que merecemos. Porque não
se trata de ser feliz com pouco, trata-se de saber quais são as
nossas prioridades,
quais são nossos propósitos vitais, quais são nossos valores e, só
aí, aprender a entrar em sintonia com esta música interna. Sem o
barulho ao seu redor, sem artifícios.
Vamos
imaginar, por um momento, uma pessoa tentando cruzar um rio com uma
mochila nas costas. O
sol é intenso, impiedoso e, às vezes, cega. Ela não sabe muito bem
onde quer ir, só intui que deve cruzar este rio, seja como for…
mesmo que a mochila que carrega esteja muito pesada e quase não
consiga avançar. Ela deve fazer algo.
Então
essa pessoa
se vê obrigado a parar e tomar decisões. A pessoa tira a mochila
das costas e a abre: nela há pedras, muitas pedras,
algumas maiores e outras menores. As mais volumosas são as mais
bonitas e espetaculares: representam seus valores, suas necessidades,
suas virtudes, as coisas que mais ama e que lhe identificam.
As
menores, por sua vez, fazem referência às necessidades alheias, às
preocupações que os outros têm sobre ele, às críticas, às
falsidades, às obrigações a cumprir para satisfazer os demais,
para ser como eles querem que seja. É preciso tomar uma decisão
contundente, e nosso
protagonista o faz: escolhe tirar de sua mochila todas as pedras
menores e incômodas.
Quando
vai tirando uma por uma, se dá conta de algo assombroso: de que são
milhares e todas elas triplicavam o peso das suas pedras maiores,
suas favoritas. Quando termina e volta a colocar a mochila em suas
costas, se surpreende com a leveza que sente. Quando começa a
caminhar de novo, o caminho parece muito mais claro. Sente-se forte,
percebe que tem coragem e mais vontade ainda de cruzar este rio.
As
pedras que ele agora leva em suas costas são muito poucas, são
grandes, sem dúvidas, mas sua beleza é tanta que não fazem nada
além de inspirá-lo diariamente com suas formas e suas cores.
Pouco a pouco, e graças a sua maravilhosa influência, se lembra do
seu caminho e de seu destino. Não vai hesitar em cumpri-lo.
Nós
também devemos começar a fazer isso. Vamos
deixar nossos pesos para trás e ficar apenas com o pouco que for
significativo, enriquecedor.
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